12/11/2013

soneto ao amor


de tudo ao meu amor serei atento
antes, e com tal zelo, e sempre, et anto
que mesmo em face do maior encanto
dele se encante mais meu pensamento.



quero vivê-lo em cada vão momento
e em seu louvor hei de espalhar meu canto
e rir meu riso e derramar meu pranto
ao seu pesar ou seu contentamento



e assim, quando mais tarde me procure
quem sabe a morte, angústia de quem vive
quem sabe a solidão, fim de quem ama



eu possa me dizer do amor (que tive):
que não seja imortal, posto que é chama
mas que seja infinito enquanto dure.


vinicios de moraes, "antologia poética", editora
do autor, rio de janeiro, 1960, pág. 96


purplepink
xx